Na reedição da final dos Jogos de Atenas 2004, Brasil e Itália entraram em quadra desconcentrados. Nos dez primeiros pontos disputados, dois erros de saque brasileiro, e um italiano. Falhas na recepção, com Lipe e Serginho, fizeram com que a Azzurra do voleibol escapasse à frente no placar num primeiro momento (10/7). Um verdadeiro rali finalizado por Lucarelli, no entanto, deu o banho de água fria nas pretensões italianas e o Brasil começou sua reação.
O time de Bernardinho se encaixou em quadra, marcando o grandalhão Zaytsev e variando as bolas com Wallace, sempre ele. O serviço, enfim, entrou – dois aces, um com Lipe e outro com Lucarelli – e devolveu a segurança ao Brasil, que conseguiu fechar o primeiro set com razoável segurança no marcador: 25/22. Faltavam mais dois sets rumo ao tricampeonato Olímpico.
A tática de forçar o saque, importante no desenvolvimento do Brasil rumo à final, voltou a falhar no início do segundo set. Tanto que o placar em 9 a 7 à favor dos italianos teve simplesmente quatro pontos por erros seguidos de saque da seleção brasileira. Juantorena explorava bem as bolas de ponta para os italianos e a partida ficou parelha, disputada ponto a ponto. Lipe era o destaque nas bolas de segurança, enquanto Zaytsev era o grande destaque italiano e referência do time.
Quando o equilíbrio rege os padrões do jogo, a velha máxima é a de que detalhes resolverão para um lado ou para o outro. Foi para o nosso: Wallace, primeiro, montou uma parede diante de Zaytsev. Na sequência, Maurício sacou para o erro de Buti, e o Brasil fechou o disputado set em 28/26. Faltava um último passo para a volta ao lugar mais alto do pódio.
E a história seguiu o mesmo roteiro, com muito equilíbrio sem ninguém escapar no placar. Quando a Itália tentou escapar, Juantorena tocou na rede num ataque de Wallace. Bernardinho desafiou e as câmeras mostraram o óbvio e a arbitragem reverteu o ponto. O público vaiou os italianos e o time se desconcentrou, com dois erros de recepção seguidos. Era o momento que o Brasil precisava para conseguir a vantagem e não desperdiçar: Wallace sacou na bola de segurança, e Lucão fez o ponto de ouro. Mais do que merecido. “É campeão” foi o grito geral.
“Foi um jogo muito tenso, principalmente no começo. Termos seguindo forçando o saque, como fizemos contra os russos na semifinal, foi fundamental. O time se mostrou muito persistente e resiliente nos momentos de dificuldade e isso fez a diferença”, disse o levantador Bruno, capitão brasileiro.
Seleção Olímpica
O Brasil ainda teve quatro dos sete escolhidos para a seleção dos Jogos Olímpicos: o levantador Bruno, o oposto Wallace, o ponteiro Lucarelli e o líbero Serginho. O ponteiro americano Aaron Russell e os centrais Emanuele Birarelli, da Itália, e Artem Volvich, da Rússia, foram os outros selecionados.(Rio2016)